Encontrei:
Nas trilhas da gazela
Latas de cerveja e
Cacos de vidro.
O sono do urso hibernante
Em cavernas de alvenaria.
Os filhotes de baleia,
Famosos artistas
Do aquário cibernético.
Engravatado o longo pescoço
Da girafa desenganada.
O silêncio de sapos e grilos.
Os olhos verdes do rinoceronte
Atrás de lentes de contato.
A corujinha colorida
Insultando o rinoceronte,
Agora, também, nos comerciais,
Da visão perfeita.
O peixe de escafandro,
Comendo pipocas
Aos domingo no parque.
O pirilampo
Em dificuldades
Com sua parte elétrica.
Os pássaros
Gravando para a posteridade
Seu canto de adeus.
O lobo,
Discutindo controle da natalidade
Com o prolífico roedor de dentes postiços.
O João-de-barro
Em residência pré-fabricada.
A lagarta no analista,
Por não suportar,
A beleza da borboleta vindoura.
O reclamante tamanduá,
Que enjoara de comer
Pérfidos insetos.
Cegonhas
Que não aceitam mais
O trabalho de carregar
Filho dos outros.
Gaivotas,
Que repudiam a labuta
De procurar alimento
Preferem
O fast-food mais próximo.
A raposa,
Preocupada com suas ações,
De baixa cotação
Na bolsa de valores.
O tucano,
Estrebuchando no arpão
Do tubarão caçador.
O cadáver herbívoro
No churrasco
Do macaco contraventor.
As zebras,
A serviço das casas de loteria.
Os sistemas artificiais de ginástica
Da preguiça de perna mecânica.
O coiote,
Emérito pirata
Das latas de lixo.
O sol,
Explorando
Os clorofilados aquiescentes.
Luzes nas trevas da floresta.
Sentei no esqueleto córneo da tartaruga,
Agora, abrigo de esquilos lisérgicos e...
Chorei.