Na solidão da mesa dos meus sonhos
há um hoje tão diferente que pensei viver,
ausência de ternura, d'olhos risonhos,
só há amargura e desejo de morrer!
À mesa do que sou não há nada do que fui
e a quietude do nada que acontece é fria,
da dor à melancolia, tudo me possui,
tantas vezes que o disseste e eu não via!
Agora é tarde! Não me tenho nem a ti!
E o que tenho afinal não vale nada
porque afinal do teu amor me perdi.
Estou sentado à mesa com a solidão
e na penumbra dos meus olhos consagrada
vou bebendo do meu próprio coração ...
Ricardo Maria Louro