Já algum tempo
que me sinto desconectada
do que tanto andava conectada
nesta minha vida.
Não é uma desistência,
embora por fracção de segundos
essa vontade venham ao de cima
quando me encontro em baixo.
É mais uma espécie de dormência
como golpe de uma sentença
a quem chamam de destino.
E eu, desalinho da minha rota.
Estou não estando
e estando, acabo por não estar.
Tenho um gosto peculiar
de brincar com as palavras
de dizer
ou escrever
o que é, parecendo não ser.
E nesse gosto peculiar
também gosto de enlaçar
a vontade de conexão
da minha alma
ao meu coração.
E sem saber
se faço por esquecer
ou finjo não lembrar
acabando por tudo escrever
numa folha de papel,
naquela caderno de capa florida
da cor da flor que trago presa
aos meus cabelos compridos
nutridos e cheios de ânsia
em esvoaçarem ao vento.
Mas hoje não existe vento,
nem brisa que te acaricie
as carências.
Neste dia abafado
que te faz lembrar repetidamente
todos os olhares
de mau olhado,
que há muito te desconectaste
dos teus maiores propósitos.
E culpo as minhas mãos
por serem tão pequenas
tão sem espaço para envolverem
todos os sonhos de menina.
E culpo a falta de sorte
porque não tenho jeito para o jogo
e afinal, nem para o Amor.
Mas decido, mesmo que desconectada
colocar gotículas de paixão
em tudo o que faço, que penso, que digo
e escrevo nessa insistência em acreditar
nisso e naquilo
no que quer que seja
para que a minha alma,
que se encontra no lado direito
e o meu coração,
que se encontra no lado esquerdo
se unam em formas desenhadas
mesmo que desalinhadas
eu veja o perfeito
na minha e exclusiva, imperfeição.
Luka
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