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LENBRANÇAS

 
 
Poucas são as palavras a dizer
O suspirar incessante do moribundo
Esperando a escuridão chegar
Os passos no Soton a distrair
Vendo parcialmente paredes desbotadas
A qual o sol não a pertenceras mais,

Acorde amada de seu sono perturbador
Não faleis mais do passado
Só ousa os passos que não sessam
A mariposa noturna que ao abalroar,
Na luz da lamparina quase a apagando
Tendo hora que o silêncio se torna ensurdecedor

O jardim com flores se desmanchando
Em meio ao rigor do sol que pontua ao entrelaçar dos ponteiros
Assim passando mais um dia,
Se perdendo no entardecer gélido
Ficando a observar os quartos de portas altas
Noite de um negro azulado tomando conta dos olhos

Quando sentindo o palpitar apressado
Atrevendo a continuar com a solidão melancólica,
O passar de horas tornando-se anos
As sepulturas vista pela janela
Iluminam com estrondo de trovões
As chuvas incessantes de Janeiro.

Aprisionando nesses corredores estreitos,
Longínquos com um ar de esquecimento
Restando à companhia de retratos em pretos e brancos
E caixas abandonada,
Esquecidas em prateleiras empoeiradas
Repletas de historias que o tempo congelou.

A noite que chega repentinamente vendando os sentidos
A chuva castiga as paredes encharcadas
Esperando o sol preguiçoso aparecer entre as arvores respingadas
Evaporando as poças rasas,
Do andar de cima em frente o peitoril lembrando,
Os primeiros anos foram de casa cheia
Pessoas se cruzando nos corredores

Vozes que caminhavam em direções opostas
Crianças correndo entre canteiros floridos
Pássaros multicores que migravam retornando ao lar
O som da vitrola ecoando na dimensão dos enormes cômodos
Tudo em seu devido lugar
Acontecendo meticulosamente orquestrado
Era tão perfeito que passava despercebido.

Agora lembrando os detalhes sei que tudo já se foi
Restando um pouco de vida que se esvai a cada nascer do sol,
Solitário de semblante cansado,
A cadeira na varanda que ao balançar
Alcança ao longe de uma visão turvada
Centenárias e frondosas arvores

Mais o tempo perpetua poucos
E nos leva pessoas amadas inesperadamente,
Assim nos deixando solitárias de cabelos esbranquiçados
Perdidas na inexistência do tempo
Restando flash de memorias
Em uma solidão desesperadora
Assustando os pensamentos restantes


Sentindo o pesar da existência
Assim tendo passado rápido
Anos que pareciam intermináveis
Levaram a juventude restando
Somente um corpo flácido
Remoendo o que não foi feito vivendo
Lembranças momentâneas
Esperando a escuridão findar os últimos momentos
Embora jazer pertença a esta casa
Tornando uma prisão sem muros...

 
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cido
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Enviado por Tópico
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Publicado: 27/08/2017 17:02  Atualizado: 27/08/2017 17:02
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Usuário desde: 29/08/2009
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Mensagens: 8560
 Re: LENBRANÇAS/ PARA CIDO
Um longo poema, que me ofereceu várias reflexões, pela riqueza das ideias contidas em suas dez estrofes, e me permiti, então, apenas um pensar, pela incapacidade de comentá-lo no total.

Penso que somente o tempo pra ensinar novas formas de olhar e sentir além das aparências. As coisas, as pessoas, a natureza, sao todos ricos em detalhes.
Pena que se demora pra perceber que todos esses detalhes precisam de um olhar demorado, e construir um percurso. A caminhada pode ter vários obstáculos, alguns podem marcar a pele e outros até a alma.

Parabens, Cido.
Beijos