Num faz de conta das belas palavras muitas delas perdidas, Construimos algo por dentro sem atitudes fingidas. Outro dia me perguntaram mais uma vez, Porque viver sorrindo diante da vida? Respondi sem ter muito mais para pensar; _ Mas porque chorar? Prefiro os poemas que me olham triste, Poemas meio tortos, desengonçados daqueles que nos repuxam mostrando o lado feio de tudo. Porque eles sabem que deste mundo louco, nada mais espero. São estes poemas crus, os mais sinceros. Ainda a pouco olhando a vida pulsando lá fora recordei desolada fragmentos de um tempo ousado, de sonhos mais que alucinados, sufocados, depois enterrados feito indigentes. Por isso, prefiro as rajadas de vento que nada mais aspiram. Vão apenas jogando na grama de qualquer jardim, Os galhos secos caídos, que ferem, matando as flores, Toras que sobraram de um tempo ruim, que chegam esmagando pétalas deixadas ao longo do caminho. Nada há de especial que me prenda. Andei cega, surda, muda, saída dum sono quase profundo... Quando os meus olhos de repente invadidos por milhões de nãos, à claridade, ensinou-me à enxergar e escutar a pior verdade! Nitidamente o que estava obscuro, era o que eu não devia calar. Aprendemos a nos fecharmos num mundo íntimo, particular, Não, não paramos de sonhar. Já não me apetece, por nada lutar! Nem quero ir a lugar nenhum. Exausta. Só quero ficar quieta no meu canto, e gosto! Tenho todo tempo do mundo para sorrir e do amor me desencantar.