{Vejo um muro colorido em teus olhos...}
Vês a cidade trágica, mas qualquer chuva delicada, o vento acolhe e espalha cores.
Um poema adormece na alma
e furta-me os pincéis do chão
sagrado.
Converto-me num anjo que se embriaga.
De súbito, toco um blues na sala de Deus.
Ouço todos os sinos.
A boca imóvel, cala-se
na hora da fuga.
Num mundo de águas mornas
aguarda o vento a chuva fina
e fria.
Traga-me os céus
a leveza das horas.
Guardam-me tuas asas
no silêncio das casas.
Poemas em ondas deslizam nas águas.