Poemas : 

Uma energia, muitos corações

 
Pego-me às vezes, olhando a mim mesmo em outros tempos, em outras épocas. Lá estou, sentado no sofá, olhando o mundo sem perceber que ele me olha de volta, de um ângulo em que não posso percebê-lo. Posso ler o pensamento daquelas pessoas que sou eu agora. Eles esperam coisas do mundo, porque acham que o mundo pode dá-las. Não têm ainda a experiencia que tenho, e os caminhos que estão suspeitando percorrer eu já os percorri.
Aproximo-me, como quem chega sem querer despertar quem está dormindo... Claro, às vezes, como acontece com quem chega na ponta dos pés, um deles acorda, vira-se para o lado e me vê. Falo baixinho: Olha, não se preocupe, mesmo que as coisas não sejam como pretendida, elas já deram certo. Sussurro para que os corações e as mentes deles possam ouvir. E é estranho para você, mas aqueles corações e mentes são um só, estão espalhados é verdade, em vários tempos e lugares diferentes, quase infinitos. Mas ainda são um só. É mais ou menos como um caminho que do seu ponto de vista toma várias ramificações, mas depois que você atravessa a linha do horizonte eles se tornam um só novamente. Os caminhos são vários, o caminhante é único, mas cada caminho leva a um passo diferente.
Amo todos eles, o coração rico e o coração pobre. O feliz e o triste. Aquele que se encanta com cada simples coisa que o cerca e o desiludido. Pois em última instancia, cada um daqueles corações formam o meu hoje. E eu não seria o que sou se eles não tivessem sido o que "eram".
"Fui" homem e mulher. Nas inexprimíveis noites e dias dos tempos. "Fui" seres e coisas que não caberia a você entender se eu escrevesse aqui. Cada um deles abençoou a dimensão da minha experiência com dádivas, como cada gota de chuva abençoa o solo com as delas.
A história que vocês contam, sobre as sua própria história, religião e ciência é inocente e pobre em verdades. É apenas um pequeno conto em resumo, como uma história infantil feita para as mentes infantis entenderem. É uma sombra no sopé da montanha da realidade, diante do sol resplandecente das verdadeiras realidades.
Isso tem sido sussurrado também, ao longo do seu "tempo".
Porque é preciso vir num sussurro?
Quando o homem tem contato direto, ele quer saber sobre poderosas e impressionantes equações matemáticas . Pede revelações e métodos científicos mirabolantes . Pede conhecimento exclusivo e ilimitado sobre todas as coisas. Mas tudo no intuito de dominar, escravizar e reinar. Quer dominar, como ele mesmo é dominado por si mesmo. Ele não concebe usar a sua energia para o bem de todos igualmente. Não aqui, e nem nesta era. E enquanto for assim, tudo virá apenas em singelos sussurros. Ele não percebe que destila em si mesmo o seu próprio veneno.
Quando sussurro àqueles que tem o mesmo coração que eu, eu digo: "O amor não está preso no tempo, nasce de pequenas coisas, vive-se delas e por elas às vezes se morre".
É só o que se é preciso saber.


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London
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