ANTICLÍMAX

Sim, 1995!

Como esclareci a uma amiga após revisar e postar esse já velho soneto, nessa época eu era bem mais novo e tinha uma visão muito diferente sobre o acto sexual. Expliquei que minha decepção de então vinha da ideia de ver o sexo como um acto de amor - frustrante, portanto, quando feito sem ligação afectiva - mas que actualmente o vejo sobretudo como encontro humano - logo, movimento de sair de si para buscar o outro.

Isso porque percebi que aos olhos dela a situação passava por machista e canalha, quando na verdade era a expressão de um fenômeno muito comum na sexualidade masculina, isto é, o anticlímax.

De facto, desde os romanos se repete "POST COITUM, ANIMAL TRISTE"... Essa depressão súbita que sucede o acto sexual se manifesta em um desejo radical e desesperado de desconexão que contrasta vivamente com o ritual da corte que antecede o sexo.

Embora tenha sido difícil de explicar para ela, acontece que o mesmo cara que se esmerou em atenções e gentilezas antes do sexo pode simplesmente querer desparecer após o gozo.

No mais, muito me honra teu versejar no comentário!

Abraços, RicardoC.

Em tempo, encontrei no sítio

http://latinsayings.info/LatSayings3.php

que a frase latina é tributada ao filósofo grego Aristóteles:

"Quod omne animal post coitum est triste." Aristoteles: Every animal is sad after a copulation.

Como somente a conhecia em latim, julguei que fosse um aforisma romano. Pelo visto, ledo engano...

Abraços, RicardoC.

Obrigado, Lucineide.

ANTICLÍMAX é um soneto duro, mas honesto, sobre a sexualidade de homens jovens. Sem querer explicar ou justificar a promiscuidade masculina, detém-se sobre a sensação de imediato afastamento da parceira que muitos experimentam ao tão logo saciam o impulso sexual. De facto, é uma mudança radical que se vive ao passar da corte ao acto -- onde se cerca a mulher desejada de mimos atenções -- e a aflição do pós-coito que se traduz na desconexão abrupta que desnorteia tantas mulheres. Escrever sobre isso tenta lançar luzes sobre o sexo casual e suas sensações a ocupar o vazio de sentimentos.

É isso.

Abraços, RicardoC.