Sonetos : 

NEVOEIRO

 
NEVOEIRO

No pântano triste ouço gritos ocultos
Mefítica bruma meu peito nauseia
Cadáveres rotos na lama, insepultos
Das fábulas restos um louco tateia

Esquálidos corpos, visagens e vultos
Intrépidas setas disparam na cheia
De oníricas chagas saudade, tumultos
Indômitos, zurzem e nada clareia

O cântico doce envolvido em fumaça
Em fúnebre choro transmuto, sem graça
O cândido embalo, teimoso, persigo

No pútrido campo de mágoas horrendas
Patético rito... Que rédeas! Que vendas!
Nostálgico, entrego-me a ti, meu castigo!


Jerson Brito

 
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jersonbrito
 
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Enviado por Tópico
Gyl
Publicado: 04/08/2017 18:35  Atualizado: 04/08/2017 18:35
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 Re: NEVOEIRO
Soneto feito com esmero, com um tema escuro, rimas ótimas, versos em onze sílabas poéticas, num esquema de tônicas seguindo o ritmo 2,5,7,11. Tudo certinho! Parabéns pelo esmero e pelo conteúdo!