Poemas : 

Cartas

 
Escrevo cartas sem endereços definidos.
Dentro das ruas, dormem os bichos, os homens e os loucos de amar.

Não morrem desejos.

As tintas e as cores perderam a pureza.
Os muros foram pichados pelas crianças
e seus pais.

O mesmo vento gelado penetra os quartos
e as salas vazias.

O corpo pressente a fuga da alma;
pede taças de vodka, limão e gelo.

Não espero respostas. Amores
passados, quase nada sabem
da poesia e do canto.

Desembaraço as horas
na manhã e na tarde fria.
Não sou ausente em nada.

Não esqueço nomes.
Guardo nas gavetas
o sussurro dos insetos.

Soam certezas.
As cartas são atalhos de palavras
para que eu não morra amanhã.


Poemas em ondas deslizam nas águas.

 
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RaipoetaLonato2010
 
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