Prosas Poéticas : 

Tempos de crise

 
Aquele telefonema tardio trouxe uma inquietude fora do vulgar.
É certo que quando o telefone toca, raramente são palavras doces que se apresentam mas cansa ouvir sempre a mesma ladainha, é preciso acomodar o restolho, não há banco que aguente tamanho peso.
A crise chegou há uns bons anos e mesmo assim nunca largou a pontaria. Que saia o euromilhões, já não se aguenta tanta pedinchice.
Quem me dera sair e voltar quando tudo estivesse resolvido e a máquina caminhasse pelo seu pé.
É cansativo ver mosquitos a sobrevoar o ninho, tipo ratazanas em dias de fome.
Acredito que o pó vai acalmar e o leite não vai derramar sobre o sorriso deslavado do tipo de bigode.
Agora a sério, é difícil dar conta do recado e afinar na noite branca.
Melhores dias chegam com certeza depois do calor passar, era bom, de vez em quando, explodir de contentamento.


Carolina

 
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Carolina
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