Poemas : 

Quando morre um poeta

 
As flores se retiram, as folhas não conversam mais,
os rios adormecem, o mar se recolhe mais cedo,
a noite apaga as lanternas, o dia indefere a razão,
as tardes não se apresentam, as madrugadas não se manifestam,
os estádios perdem os sentidos,
as ruas se acomodam, as cidades ficam mudas,
as crianças não sujam a cara, os velhos redescobrem a bengala,
os mendigos reinventam a miséria, os pobres revigoram a fome,
os soldados ocupam as armas, os canhões falam mais alto,
e ninguém fala mais de flores.

As facas retalham a vida desfibrada,
as bombas pedem passagem,
o sol se cobre com um casaco comum,
a democracia adormece.

O violão perde as suas cordas,
o conhaque comove mais que a lua,
o seresteiro se recolhe mais cedo
e
a vida dorme um sono definitivo.

Eliezer Lemos

 
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LemosLemos
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/05/2018 14:44  Atualizado: 22/05/2018 14:44
 Re: Quando morre um poeta
As flores se retiram, as folhas não conversam mais,
os rios adormecem, o mar se recolhe mais cedo,


Quando morre um poeta morrem os sonhos
nas palavras por escrever
um abraço poeta LemosLemos

Enviado por Tópico
PROTEUS
Publicado: 22/05/2018 19:50  Atualizado: 22/05/2018 19:50
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Mensagens: 3987
 Re: Quando morre um poeta
ALMAS
Autor: Carlos Henrique Rangel

Já dizia o Poeta
Que não sabia as almas...
Eu as tenho aos montes
E são diversas, contrárias...
Inimigas...
Não as conto
Conto-te...
Não sei quem serei amanhã.
O que fui ontem
Não lembro mais.
Tenho as almas do mundo
E são tantas...
E não são iguais...
E não sou original...
Já dizia o Poeta
Que não sabia quantas...
Eu também não sei.
As tenho aos montes
E amanhã...
Não sei...