O consciente fala;
O inconsciente dormente, só o silencio exala.
Aninhadas no inconsciente se aprisionam notas da irreal canção que o embala.
No silencioso inconsciente a razão não fala.
E tudo fica por um triz!
De dó a si, em taciturno som, conclama até as vísceras e ao consciente desdiz.
O que importa é amar e ser feliz!
Obstinado e tolo, o consciente radicaliza, não pode ouvir essa canção!
Abafado o inconsciente, aniquilada a emoção!
No consciente é só razão!
Dá dó de si vacilão!
Racionalismo ácido, dissonante e enfadonho!
Traçado em retas, contado em metas... futuro medonho!
Que maldição! Cadê o sonho!
E tudo fica por um triz!
O sul ou o norte, azar ou sorte, fraco ou forte.
Deixa nascer ou aborte.
Racionalmente polarizado, se busca a vida, se vive a morte.
No descrente consciente, glórias à convicção.
O consciente rala! O inconsciente cala.
Mas atenção, muita atenção!
Atenção a este fato inato!
O consciente mente, o inconsciente não!
Aquele é um déspota, é um opressor de fato!
E tudo fica por um triz!
Inconscientemente o consciente buscando o pão, contra o amor conspira!
Para o consciente o inconsciente só a loucura embala e nada inspira.
Entre sonhos e delírios, só desvario em profusão.
Quem? O inconsciente latente ou o eloquente consciente na contra mão?
Que confusão!
Cale-se obscuro inconsciente! Acautele-se desvairado sedutor!
Deixe que o consciente embale a vida, cure as feridas, olhe pra frente.
Você, inconsciente inconsequente, que se ocupe do amor.