Despertei-me num labirinto de coisas
Coisas e sons e, pensamentos e outras coisas
Coisas e o silêncio e cores diversas, como arco-íris.
Na íris dos olhos, eu vi que a luz que era captada
Antes de tudo, antes do nada, eu era apenas inerte
No limbo dos pensamentos que para nada servem
E nas mãos da angústia de mãos dadas com o desespero
Por caminhos nunca antes percorridos
Eu ando cuidadosamente e os meus paços são pegajosos
A cada passo um grude que me prende ao chão da ignorância
A cada sentimento um novo passo para desnortear, mas não paro
Tenho medo! Tenho vontades e medos, mas não paro, continuo
Eu quero gozar, mas os arrolhos sufocam meus caminhos de gozo
Eu quero gritar, mas a minha voz é tão baixa quanto as minhas escolhas
Eu quero içar, mas nada é tão fundo quanto essa dor que asfixia
Eu quero, mas para onde me viro dou de cara com a truculência do ser
Deixe-me em paz! Eu vos suplico, não e atormentes, não!
Quebrarei meus espelhos para nunca mais olhar minha face estampada
Rasgarei minhas telas de homem e às traças lançá-las-ei sem dó
Beberei teu amargo ó alma desvalida que sonhas sem nada realizar
Silêncio!
Peço!
Não me adorne com seus entraves!
Deixe-me voar com os pássaros às ilhas solitárias longe de ti.
Meus olhos cegos de queixumes e lamúrias bebem o desatino
Meus pés correm apressadamente sufocam meus poemas e os pisam
Corro ainda mais, procuro a saída, mas como poso sair?
Ah! Se eu pudesse! Quebraria a antagônica imagem de minha alma para viver.