O trafego continua,
intenso, raramente contendo alguma variação
e mais raro ainda é quando uma variação é pra melhor.
Essa noite estacionei por um momento
abastecido de esperança
com o tanque furado,
percebi que as portas estavam trancadas
e ela passava,
tudo estava para dar certo
mas eu estava preso
e a cada pequena quantia de oxigênio
o arrependimento me sufocava por não fazer nada,
COVARDE!
As janelas não se abriam e o sinto de segurança me prendia,
tão perto, e eu com o rabo entre as pernas, cheio de ódio
quem dera coragem.
As chaves estavam em minhas mãos
eu poderia ter destrancado a porta,
me limitei a não dizer nada,
o sinto não estava ao menos encaixado
um movimento mínimo e eu perceberia que era capaz de me mover.
Tudo isso por eu acreditar que daria errado
por eu ter me acostumado com tudo tão errado.
Sufocado
morrendo por dentro, tão sedo
sendo devorado vivo,
assistindo a carnificina de migalhas
com um belo guardanapo sobre o colo,
para limpar as mãos.