Contaste-me no tempo inteiro
As horas que os anos ainda têm
No desprezo dos escassos dias
Cortas-me a vida velho ceifeiro
Em abraços que mortes contêm
No leito do teu rio. Ah! maresias
O céu negro lento e carregado
Aguarda a partida dos pássaros
E dos sorrisos leves dos petizes
Por cá o chão implora semeado
Água! Só uns pingos míseros
Nos olhos de pranto infelizes
Tomaste-me o peito só, sem luz
Um dia de cada vez, dois ou três
Silêncio! Paz e um pouco d'água
Deste-me a mão que me seduz
Uma lágrima chorada com altivez
Um adeus que partiu sem mágoa
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma