Apetece-me dançar sem os pés mexer.
Apetece-me dormir sem acordar.
Apetece-me fugir da vitória.
Os apetites sempre a crescer.
Apetece-me chorar para te não ver.
Apetece-me comer sem mastigar.
Apetece-me cobrir-te de glória.
Os apetites sempre a crescer.
Apetece-me morrer para te ver sofrer.
Apetece-me matar para vingar.
Apetece-me rescrever a História.
Os apetites sempre a crescer.
Apetece-me entrar no esgoto.
Apetece-me quedar cego e boto.
Apetece-me cortar a mão e lamber o coto.
Os apetites sempre a crescer.
Cansado por tantos apetites arroto em paz a minha loucura
A necessidade estará em escrever ou em ser lido?
Somos o que somos ou somos o queremos ser?
Será a contemplação inimiga da acção?
Estas e outras, muitas, dúvidas me levam a escrever na ânsia de me conhecer melhor e talvez conhecer outros.