Prosas Poéticas : 

PRIMEIRO DE JULHO

 
Tags:  PROSA LIGEIRA  
 
PRIMEIRO DE JULHO

O que mais temo ao escrever é perder a capacidade de me surpreender com o que escrevo.

Acredito haver um risco muito grande em tornar sistemática a inspiração de quem redige por vontade, não por profissão. Sinceramente, não me interessa escrever para ganhar meu pão, embora não julgue quem o faça. Melhor explicando, acredito saudável para as letras de modo geral que nem todos os escritores se encaixem nalgum gênero comercial ou estilo acadêmico. Escrever bem seguindo receitas de sucesso não me interessa...

O que procuro na escrita é outra coisa. Evidente que busco ser lido, mas não me ocupo de produzir livros ou artigos para venda. Embora acredite na pertinência dos meus alfarrábios, não os tenho como essenciais na vida de ninguém ou espero por aplausos para o esforço de enchê-los de manuscritos.

Envio meus textos como se mensagens de náufrago em garrafas ao mar. Torço para que leiam e gostem, mas não escrevo para agradar ninguém.

E, sobretudo, não quero jamais escrever cerebralmente como quem faz palavras cruzadas ou resolve equações matemáticas.

Nem intelectual puro nem diletante artificial, como poeta me desejo sempre um inquieto.

O mais é vaidade.

Betim - julho de 2017


Ubi caritas est vera
Deus ibi est.


 
Autor
RicardoC
Autor
 
Texto
Data
Leituras
584
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
4 pontos
2
1
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 01/07/2017 15:00  Atualizado: 01/07/2017 15:01
 Re: PRIMEIRO DE JULHO
cheguei aqui assim, como náufrago, jogando garrafas ao mar para medir distâncias

aí me fiz padeiro, ao ver o tanto de almas famintas que cá se encontravam

então cansei dessa loucura de ser o que não sou para agradar. Resolvi ser desagradável, mas a profissão não pagava bem

sou só um programador de versos, implemento algolíricos, talvez com bugs

sendo arquiteto, tenho certeza que também enxergas a beleza que há nas formas e nas equações. Mas podes fingir, poeta, com negações