VENTO, ESTRELAS E SONHOS
Não discuto com estrelas.
De tonto, balanço o céu.
Me basta tê-las.
Não discuto com o futuro.
É um amanhã que foi hoje.
Me basta chegar.
Não discuto com os dias.
Triste: se noite tudo fosse.
Me basta a luz.
Não discuto com as noites.
Alegre alegria que cansaria.
Me basta o escuro.
Mas, quando venta forte pra lá,
Abro a porta
E guardo as árvores.
À noite, no meu quintal,
Colho estrelas cadentes;
Guardo no bolso, todas carentes.
José Veríssimo