Tenho alma de astros
E os astros não cuidam de nós
São tantos os astros
Todos tontos
Distantes de nós
Sou um sol apino
Que não mede um tamanho
Tem sempre o gosto de um Sol
Distante ou perto de um peito
Que a montanha afora me leva
Sou todo imagem refletida
Procurando porto,
Um porto querida!
Quero uma montanha pra dormir
Um rio pra atravessar
E uma boca pra beijar
Minha sombra sopra na direção
Contraria da luz
Vem do meu sol
Ainda pouco escuro
Sem luz,
Mas é o meu sol
E minha alma inquieta
Doce poeta
Que dorme comigo
E nos nossos rabiscos
Pintamos os bicos
Iluminados
De nossas almas
Sou luzes
Que as luzes fazem
Provisórias, divisionárias, iluminarias,
Luzes acesas que não iluminam
Quero a luz dos teus olhos!
José Veríssimo