Minha garganta seca,
não sei se ainda consigo mexer minha língua
abrindo minha boca apenas para comer e beber.
Acordo sabendo muito bem onde vou passar o resto do meu dia: Em uma cadeira a menos de um metro da minha cama, olhando para a tela de um computador.
Minha mente vazia,
assemelhando-se a uma grande cidade deserta em um senário pós-apocalítico,
escuto os gritos de terror vindo de becos escuros habitados por demônios que buscam minha atenção,
sinto os grandes prédios se resumirem a ruínas em questões de segundos.
Como foi seu dia?
É o que eu gostaria de perguntar e ouvir também,
preocupar e saber se tudo está bem,
ouvir aflições e compartilhar momentos inusitados que me contento guardando até conseguir a primeira oportunidade de contar,
mostrar que ha uma faca cravada no vazio do meu peito
e que em alguns momentos
quando alguns dos grandes prédios se resumem em ruínas, acabam ajudando a aprofundar cada vez mais essa faca,
cada vez mais essa angustia
que ainda investigo
qual dos grandes prédios
foi o responsável pelo começo disso tudo.