Olhas a tua sombra amedrontado e padeces sem sentido.
Tentas afastar-te dela mas nunca o teu passado quererá abrir mão de ti. As lágrimas ficam para trás regando flores que nunca vais ver.
Abres o livro e buscas coisas novas que te possam trazer novos sentidos a uma vida desprovida deles.
Buscas nos que te rodeiam os motivos para o próximo passo.
Mendigas carinhos,ocupações e pre-ocupações alheias de maneira a evitar os teus sonhos e desejos. Os outros agradecem e usam-te sem sequer lavar as mãos. Dás por ti cansado e dorido com um estúpido sorriso de infelicidade no rosto.
Mais um dia que passou e nada fizeste por ti a não ser ganhar dinheiro ou miminhos. O Medo tolda os teus olhos e abafa os teu gritos. Andas pé ante pé com receio de te acordares a ti mesmo.
Sentas-te em belas peles e sonha com quem podias ter sido mas nunca quiseste.
Pedes a alguém que te cante lindas canções mas os teus duches são silenciosos e monótonos. Amas o mundo que vive no teu umbigo e tudo o mais te assusta.
Passeio-te os cães porque a imensidão do parque já não é segura.
Ficas tu radiante e os animais confusos estão. Damos as mãos e seguimos cada vez mais distantes.
Pedes pressa por olhos cansados estarem e o verde em ti ter murchado. Estugo o passo e pareces ainda mais triste.
Corres atrás de mim na ansia de tudo ver...
E eu quedo-me na dúvida de que nada viste...
A necessidade estará em escrever ou em ser lido?
Somos o que somos ou somos o queremos ser?
Será a contemplação inimiga da acção?
Estas e outras, muitas, dúvidas me levam a escrever na ânsia de me conhecer melhor e talvez conhecer outros.