Pelos olhos amendoados de um sorriso casto
Deixo laqueado o sonho embrionário revelado num
Gesto ou súplica aconchegada à placenta do tempo
Onde se queda o imperceptível silêncio combalido
Sangrando no endométrio deste meu uterino verso
Engravidando a saudade assim tão fetal
Jazem perdidos os ventos de um desejo intenso
Ali cerzido, patenteado…num grito alienado, e letal ficando
Nós assim mais fecundos tatuando cada artefacto do amor
Em estado de graça acenando um indeciso e melancólico
Adeus indigente irredutível e fatal
Oculto agora o significado das palavras
Rudes e indivisíveis, dispersas pela enxurrada de versos
intrusos condenados ao degredo de uma ilusão inflexível
Percepção da existência que se escoa irreversível
Rodeada de abraços flanqueando a vida pelejando
Capítulo a capítulo qual elegia de fé assim indiscritível
As lágrimas das saudades perfumam o mural
Onde escrevemos o condoído silêncio ausente
Despertando todas as maresias que inalo em ti
Entranhando-me genuíno, astutamente exequível
No marsupial desejo palpitando irresistível
O sol nasce sempre radioso e colorido
Estendendo seus calorosos e embriagantes raios
Pelo tempo mais ébrio e ladino
Domando aquela manhã aveludada que se
Esgueira comungada neste sonho tão felino
A poesia descobrimo-la nós pincelando todas as
Margens de inspiração fluindo desgarradas pelos
Socalcos da vida abrigando a volúpia dos mesmos sonhos
Acontecendo implodindo na clandestinidade de um carinho
Comovido às vezes descartável…outras quase absolvido
FC