quando o teu olhar pousa na boca
no contorno dos lábios se faz rosa
por mais que a respiração contenha
a flor da rosa se emudece no sorriso
quando se faz o brilho de esmeraldas
na saudade o verde olhar nas montanhas
só há o teu céu nas tuas constelares íris
são tão cristalinas as lágrimas dos pampas
quando o sol descansa em luz dourada
nas carícias sobre os fios longos do cabelo
quisera o vento desvendasse o teu segredo
de um coração em desespero apaixonado
quando as nuvens se escurecem de cinza
teu corpo se abraça na cortina de chuva
a primavera das flores lilases e amarelas
molham no vestido a tez macia de um amor
quando as tuas noites não querem dormir
o quê fazer se os corações estremeceram?
os suspiros ficaram entrecortados e breves
talvez por um nome que lhe veio à mente
quando em teu coração suportas tudo calada
numa hipótese abstrata que era um sonho
mais que num desejo insaciável de viver
no impossível viver sem acontecer o desejo
quando teu coração se fecha n' outro que abre
como se fecha a porta em meio a escuridão
o mundo para no silêncio do que poderia ser
esqueces dos momentos no tempo da solidão
quando se desfaz o temor na insensatez
teu sul se encontra ao sul de um amor
os sonhos que te encontram nas canções
hão de brilhar em teu olhar de imensa luz
quando a noite for sedosa e quente
de suspiros profundos e entrecortados
seja por onde, serás sempre o inusitado
serás a que tens visto a lua ultimamente
quando propuseres indagar-se nua
se ainda sei que guardo o teu olhar
como sei das tuas noites sempre iguais
do amor, onde só a tua lembrança revive
saberás de um céu a espreitar a noite
n'algum lugar guardando o inesquecível
na paixão dos teus segredos não vividos
no rosto o iluminar de um sol com pressa
ainda que as tuas noites sejam longas
sejas a longa espera como a minha
ainda que todas as noites sejam uma
és a única noite como o teu amar deseja