Como o sol que irradia sem aviso
e se avisa cabe à noite interpretar,
sem aviso a luz brotou no imenso mar
entremeando criaturas, fluidez e furor
e o céu, sem concordar nem se opor,
intérprete fez-se do amor de amar preciso.
Ao marear de sensos ao longe mergulhados,
emergem pérolas ao acaso, bordado de estrelas,
e luzem na emoção de quem da terra pode vê-las
aos clarins e harpas, as trombetas e toda banda!
Sob as rochas, se houver, restará nota nefanda
do passado que não passa e é do agora nó atado.
Regenerados sonhos, imperiosa realidade!
Semente germinada ao sol e ao sabor do sal
do mar de incomum beleza que descura todo mal
n’alvura de sua espuma que a garça expõe altiva,
silente, no altar da laje, como a doar-se cativa
no mosaico recomposto do manto azul da verdade.
Como o sol que irradia sem aviso
Sem aviso, daquele mar, emerge a luz da unidade.