roberta, sempre roberta,
por espinhos coberta,
foge há muito dos cegos do castelo,
que a embaraçam.
roberta, pobre roberta, corre sem trégua da vida
sem sossego que levava dentro do castelo de areia
ou de pedra ou do casebre ou do apartamento,
que importa, que importa ...
entrou no ônibus no derby, trêmula pagou
a passagem, desceu no recife antigo,
correu o mais depressa que pôde
para rua da moeda, parou no primeiro
bar, bebeu rum, cachaça, vodka, whisky,
cerveja para lavar, pediu, por fim,
martini com a devida cereja
afogada bem ao fundo da taça ...
com mil cegos do castelo, havia de estar
a bendita cereja afogada bem ao fundo da taça,
como ficara, quando apaixonada, nas mãos
dos insensíveis cegos do castelo, por milênios.
cantou com a banda rhcp e saiu em giros
incontáveis até a enorme árvore de natal
na rua rio branco, um grandioso cone dourado ...
poderia usar suas asas para voltear em espiral
a magnífica árvore até atingir sua estrela no cume.
poderia, se tivesse asas. não havia bebida
suficiente na natureza para pô-la tão bêbada
a ponto de imaginar ter tais asas, nem para
fazê-la esquecer dos cegos do castelo ...
e de giro em giro, chegou no marco zero,
zeradinho, zerado pra valer ... olhou
para o céu ... lá estava sua conexão.
ela fazia parte daquilo tudo ... as estrelas
e roberta ... algo único ... agora sem os cegos
do castelo, finalmente.
25.12.2014
Nasci quando o dia começou, e tudo me era ensolarado ...