O Grilo Falante tinha um Pinóquio
e falava várias línguas suas,
muito antes de ir parar à Disney.
Diz Ney Matogrosso, eu sey,
que aquilo que dizes antes insinuas,
num muito coloquial, colóquio.
O Grilo Falante rimava,
era assim a sua consciência,
ou, quem sabe, a sua boca.
Nunca dizia coisa pequena, ou pouca,
não era essa a sua ciência,
sempre dizia o que bem pensava.
Faltava-lhe a sua cara-metade,
que um Pinóquio também tivesse:
um Louva-a-deus, calado e mentiroso,
ou um Gafanhoto em pragas doloso,
mas em fins, uma benesse!
Aos saltos pelos campos da verdade.
O que o Pinóquio lhe dizia ao ouvido,
era tudo, menos a mentira,
ainda assim, de si mesmo desconfiava e temia.
Rimava, por defeito e magia
na paz e, até mesmo, na ira.
É o que tenho ouvido...
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.