Ontem desenhei uma felicidade
Que só existia em mim,
E pintei um amor
Com as cores
Da imaginação.
Revivi o passado triste,
Sofri pelas dores sentidas
E pelas não vividas.
Vi meu fantasma,
De outros tempos,
Mas não vi o presente
Tocando de leve
Meu hoje,
Meu momento
Mais importante,
Idealizei pessoas
E chorei minha decepção.
Por não saber conviver com o real.
Vi apenas o simples modelo
Que só existia em meu mundo irreal.
Aos poucos, fui me despindo
Do ideal que só vivia em mim.
Fui dando adeus a um passado
Que deveria ficar no seu tempo.
Para viver meu melhor momento,
Tive que limpar minhas janelas,
Deixando para trás as ruínas
Que me aprisionava na ignorância .
Meus ídolos são agora ilusões,
Cujos nomes se perderam,
Quando olhei para dentro de mim
E vi meu presente apagado,
Em um mundo que não era meu.
Enxerguei-me no grande universo,
E este me ensinou, pouco a pouco,
Que embora vivendo dentro dele,
Como todas as pessoas,
Sou apenas um minúsculo mundo,
Que precisa compreender
Que nada muda se eu não mudar
Meu jeito de olhar os outros mundos.
Meu conceito de amor mudou,
Quando parei de idealizar pessoas.
O amor pode ser perfeito,
Todavia não o encontramos
Porque o objeto amado
Não corresponde
Ao nosso desejo nem a forma
Que o idealizamos em nosso íntimo.
A felicidade plena não existe
Porque todos somos mundos em construção,
Buscando satisfação
Fora de nossa realidade.
Porém, a vida cobra momentos felizes
E esses devem ser vividos no real,
Com pessoas reais,
No tempo mais atual,
E de forma mais natural possível.
Quando iniciei, o texto era diferente
E foi tomando identidade própria.
Porque o momento nunca é o mesmo.
E até mesmo um texto
Toma rumos diferentes.
Ao adentrar as idéias pareço outro,
E assim vou me vendo como uma cebola,
Que aos poucos vai se despedindo
Da pele grosseira, que a impede
De ver o mundo do jeito que ele é.
Alguém acaba lendo meu texto
E vê coisas que não vi.
Há os que se identificam com o texto
E os que não gostam do que escrevo.
A todos dou o direito de criticar,
E para mim, importa não me afogar.
Vou refletindo e me esvaziando
De falsas felicidades, de falsos amores
E de tristes fotografias.
Sempre que termino um texto
Sinto vontade de abraçá-lo,
E aprisioná-lo no papel.
Assim como fazem as pessoas
Com o ser amado.
Então alguém me diz
Que ele não aceita
Ser apenas do meu mundo,
Uma vez que está fora de mim.
Ontem eu o desenhei,
Hoje ele virou realidade.
Amanhã não importa
Se sobreviverá .
O importante é que vive
agora dentro e fora de mim.
Lu
A poesia corre em meu sangue
Como a água corre no rio
Sem ela sou metade de mim
Meu nome é fruto de poesia.