O vento amacia a face das fragas
Por entre voos rasantes de gaivotas
Perdidas entre as cores do arco-íris
Abres as mãos com que me afagas
No vernáculo das vidas devotas
Apertadas nos braços de Osíris
O Sol queima a dor do corpo servil
A esgueirar-se entre a fina chuva
Que cai insistente no chão queimado
Do olhar nu de gente louca e pueril
Cega-se o horizonte numa tela turva
Feita flor de um jardim perfumado
Dos dementes solta-se esta vozearia
Estridente e deprimente forma de ser
Que se apaga num eclipse quase efémero
Passo a passo lá vai a última romaria
Num andar trôpego de quem sabe sofrer
Neste trapézio sem rede mortífero
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma