nem chegou o poema
e embaralhou-se nas
linhas do caderno azul.
o riso fácil, o verbo doce.
decifro sinais de alerta.
deslisam os dedos
nos casacos molhados.
a dor perpassa o muro
e a luz.
há loucura
na brancura
do papel.
choram os versos
em rasgos chão.
saltam as palavras
no avesso da noite.
gemem nas cinzas...
o amor escreve
no ar a solidão.
abnegada, a alma
espia a imensidão.
sustenta os sonhos
o coração.
entre vírgulas,
desce a chuva
no vazio.
o vento frio
desenha
temporais...
não é poeta
quem não chora.
secam as tintas...
riscam as canetas
traços da ilusão.
são exagerados
os sentimentos.
vestem a poeira
dos caminhos.
os deuses tomam
posse do pranto
derramado na
escuridão.
Poemas em ondas deslizam nas águas.