No fundo, você sabe. Sempre soube de cada palavra que eu disse. Mas, não estou falando com o seu fundo. Estou falando com a parte mais exterior de você. Aquela parte que você acha que é você. Você esqueceu-se de que é mais do que aparenta, na evolução do seu ego, você achou desnecessário a presença de outras partes de sua consciência. Afinal, quem tem de lidar todos os dias com o seu cotidiano, é o seu ego. Ele é que interpreta o mundo que te cerca... ele o cria, de muitas formas... e se não fosse o seu ego e os seus sentidos físicos, o seu mundo material, tão concreto e importante pra você, não existiria.
Mesmo levando em consideração de que quem cria a sua realidade é o seu ego e os seus sentidos, por trás dos dois encontra-se a sua consciência...Ela é a verdadeira arquiteta da realidade. Seja essa realidade qual for... a sua... ou a Minha.
Sabemos que o seu ego é engessado. Ele está encantado pela realidade que o cerca, não a questiona, está tudo muito bom para ele. Ele, o ego, acordou que assim deveria ser, para ter um certo equilíbrio, para se ocupar de uma coisa de cada vez, para ter um chão firme onde pisar. Afinal, o maior instrumento do ego é o cérebro, e o cérebro é um receptor orgânico de três dimensões. E por mais milagrosa que seja a sua atividade e capacidade, o cérebro é limitado, por ser "orgânico e tridimensional".
Pense, o ego é o que você é nesta vida. Pra você que acredita em outras vidas, você não era você vidas atrás. Hoje você é Pedro, este é você hoje. O seu Ego! Mas e "ontem", em outra vida sua? Você era Maria, o seu ego era Maria! Mas, e então, quem de fato é você no final?
Estou lhe dizendo isso, para você começar a entender "Como É Ser o Que Eu Sou". Você entendeu que o seu cérebro é milagroso, pode lidar com milhões de informações. Mas não pode lidar com informações infinitas, e nem pode retê-las indefinidamente numa realidade sem tempo. Porque o tempo é uma convenção do seu ego, para arrumar os livros na estante. Porque se o seu cérebro tivesse de lidar com uma realidade sem tempo ele viveria num estado, no mínimo, psicótico. Já que todas as páginas estariam soltas, sem livros e sem estantes. E como você negociou que precisava de estantes, não teria mais como viver sem elas para se organizar.
Bem, dessa forma, você já deve ter deduzido que não tenho cérebro. Não mais vivo essa simulação de realidade. Não preciso mais desses conceitos para organizar a minha existência nem a minha realidade. Não preciso me defender do oceano de informações que o fato de Ser me proporciona. Então, não uso mais o ego para defender-me, como a árvore usa a casca para proteger o seu âmago. Não tenho medo de perder a minha individualidade só por me identificar com tudo ao meu redor. Sei muito bem quem sou. E se me perguntares, direi-lhe, Eu Sou o Que Sou. Mesmo eu sendo a flor e a pedra, e todos os Seres que me formam. Não tenho nada contra negros ou brancos, homens e mulheres, azul ou amarelo. Então, não preciso defender-me. Não necessito de um ego para criar uma barreira ao redor de mim.
Mas, não se preocupe. Quem você é não perecerá. O seu ego continuará e continuará a se desenvolver. Embora, é claro, se modificará, como você não é hoje, aos quarenta anos, o que foi quando tinha sete. Mas sei, muito bem, que a criança de sete anos, ainda vive dentro de você, e quando precisa dela, a acessa de uma forma que só você entende. Preciso dizer-lhe, que da mesma forma, pode acessar o Ser de mil anos que sim, vive dentro de ti. Os gênios de sua espécie que o digam...
Então, explicando-lhe, como é ser o que eu sou, eu acabo explicando-lhe quem você é. Não estou num tempo em particular, nem preso em algum lugar do espaço. Não tenho uma forma especial. Eu apenas Sou. E é do Ser que surge todas as outras probabilidades. Todas elas, infinitas. Uma delas, é aquilo que você chama de realidade.
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