Vocês que estão aí desse lado fazem a mínima ideia do que é ser poeta?!
Ser poeta é recusar toda e mais alguma estatueta
Vocês sabem o que é liricismo
No caso de me despedir da escrita, eu despeço-me de consciência limpa
Discórdia entre meus pais originou a poesia
Fiquei a conhecer facetas que antes desconhecia
Se no passado era conhecido como um sem coração
Agora por saber ler seu cujo com a palma da mão
Não é para me estar a gabar mas tenho a sorte de sentir
Acreditem que não foi fácil, primeiro tive de me ferir
Para os que falam que o quotidiano é dócil, deixem-se de tretas
Impossível avistar notícias de crimes sem ficar ralado
O pior vem no fim quanto tocam à nossa porta variadas perdas
Aí parece que o nosso ser fica sem chão como quem diz calado
A gente passa com um pano quente no sufoco mas não esquece
Até porque há sempre alguém para meter o dedo na ferida
Pode parecer ridículo mas é assim que se enriquece
Irem contra a nossa criatura nos dá mais garra para viver a vida
Eu suplico que recrutem força nem que seja à caralholândia
É me difícil sonhar, que ouvem tão cedo o sonoro da ambulância
Mas que grande revolta
A nossa existência devia ter ida e volta
O único que sobra da morte são pequenas lembranças
Fotos do nosso retrato de quando éramos adultos e claro, crianças
O nosso espaço é ocupado por outros homens de igual importância
Se tiverem os pés bem assentes na terra, ricos em substância!
Mas que grande revolta
Deixarem vândalos à solta
Esses mesmos que se intitulam de agressores
Sem um pingo de respeito pelos maiores pensadores
Que com a tacada certa livram os duvidosos de umas quantas dores
Aceito pouco que que se escondam os grandes valores
Como o respeito pelo próximo e a união de laços
Vamos mazé fazer o que a meu ver é mais importante
Dizer olá, sorrir, bem como dar beijos e abraços
Oh irmãos do meu sangue, daqui em diante
Sou aquilo que sou não aquilo que falam da minha pessoa
Se há coisa que não admito é que o façam à toa
Muito menos que falem mal do meu trabalho
Quando vocês mesmos que desdenham não fazem um caralho
Se querem dar exemplo é preciso que tenham moral
Mas contradizem-me quando escondem a face no carnaval
Onde é que estão os manos de barba rija
Ah pois é, foram apanhados com a boca na botija
Mais do que disfarçaram não dá para disfarçar
Até podiam mas não ia soar da mesma maneira
Ao invés eu sou sincero, observo e só reparo numa caveira
Que andou aqui o tempo todo a tapar o sol com a peneira
Está a cheirar-vos a esturro?!
A mim cheira, estão a ver vossa suposta fenomenal carreira
Como dizem, foi um grande tiro no escuro
Pessoas que lutam pelos seus princípios é que são nosso futuro
Por amor de deus não tenham vergonha do que é nacional
Ao contrário tenham sim, do que é irracional
Nós, seres humanos temos um pingo de salvação
Pensamos, lemos, a ainda ouvimos a balada sensação
São essas mais-valias que nos distinguem
E que nós do mesmo modo rezamos para que vinguem
Eu amo aquilo que faço, não tenho segundas intenções
Dizem que eu quero é receber prémios mas são tudo invenções
Eu quero é passar uma importante mensagem
A vida é uma viagem onde, o destino, ninguém o sabe
Por isso desfrutem ao máximo de cada minuto
Enfiem o charuto na boca até morrer
Peguem na caneta e ponham-se escrever
Assumam a responsabilidade de fazer uma ata
Que estão à espera, Dêem alma às folhas,
Que eu vou querer ver com orgulho bolhas em cada sua pata
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