Évora, 25 de Abril de 2017.
Meu frio e triste amor, neste meu aniversário e na impossibilidade de to dizer directamente, escrevo-te esta carta. Estou cansado. Não posso nem consigo fazer mais nada por nós! Fiz o que pude ... tu não estás disponível para termos nada, e eu, é o que preciso neste momento. Puseste entre nós uma parede! Pensei muito, senti muito - desisti. Creio que futuramente perceberás o quanto perdemos com esta tua decisão. Porém, será tarde, muito tarde! Lamento que tenha sido este o desfecho, não era o que eu queria nem sonhava para nós dois, acredita! Não tenho mais forças, nem sequer para sonhar, o que dirá para insistir. Vou guardar dentro de mim, dentro do meu coração, aquilo que sinto por ti e até o que poderia ter vindo a sentir.
Aprendi que as coisas são o que são, e que, quando são de uma maneira não há que insistir em que sejam de outra. Ainda assim, lutei, lutei com todas as forças que me assistiam. Lutei contra mim, contra ti e contra a vida. Perdi! Aceito! Resigno! Sigo outro caminho, noutra marcha, noutra direcção. Nem imaginas o quanto me dói! Bem cedo percebi que o adeus era inevitável, mas, não quis acreditar, pensei que a vida me desse, desta vez, a oportunidade de imaginar que também era digno da alegria de amar e ser amado - por ti!
Esqueci-me, por instantes, que isso nunca foi, não é, nem nunca será para mim. E o porquê de eu não morrer ao menos?! Talvez porque nem isso mereça que me seja dado - julgo! E o que mereço eu, afinal, nesta triste vida que me foi dada?! Este travo amargo a solidão - apenas?! A vida sabe mal, nunca me soube bem! E o que posso eu fazer mais do que me queixar ou lamentar?! Ao menos as palavras para o fazer acompanham-me, estão comigo, jamais me abandonaram ou desiludiram...
Sinto ainda no meu corpo, o teu cheiro. Vejo ainda o teu olhar, meigo e doce, deleitado no meu rosto, fixando a esperança de poder um dia conseguir entregar-se a mim. Não aconteceu. E há um arrepio que me percorre. São os teus dedos a deslizar na minha Alma. O teu corpo adentro ao meu e o meu adentro ao teu! Que momentos de comunhão! E como foi bom vivê-los ... recorda-los é bom também, mas não são suficientes para me sentir inteiro! Porque até quando te tinha tu estavas igualmente longe de mim! E sofria na mesma ...
Sofrer por sofrer, sofro só, prefiro! De nós dois, só resta a memória de um Passado que vivemos, nada mais! E chega, o coração não precisa de mais nada para sofrer! Despeço-me de ti, decidido a não te ver nunca mais e a nunca mais saber ou querer saber de ti!
Adeus!
O sempre só ...
Richard Mary Bay
P.S./ No Céu da minha noite as Estrelas já não brilham ...
Richard Mary Bay
"o Último Romântico"