MORAL DA HISTÓRIA

Sou um apaixonado, caro Rogério Beça, revisitador de expressões idiomáticas e intérprete de provérbios populares. Nisso, talvez, o parentesco que enxergaste entre este soneto e o teu interessante texto "dosgostos". Meu afã em reinterpretar tais frases feitas como a que denunciaste, a saber, "gosto não se discute" fez com que minha escrita recente enveredasse pelas quadras populares no projeto das 99 TROVAS -- que, aliás, citaste em teu comentário.

MORAL DA HISTÓRIA se interpôs, porém, a essa sequência de publicações das 99 TROVAS em face da piora sensível no ambiente de discussões políticas que temos enfrentado cá no Brasil, isto é, de todos buscarem defender antes seus egos que a verdade dos factos. Daí o vozerio intenso de bate-papos se tornando bate-bocas...

Em dias como os que temos vivido, morais e histórias são esvaziadas num pragmatismo vaidoso que parece ilimitado. Por isso pensei num poema que revisitasse a antiga estrutura conclusiva dos contos da carochinha e fizesse disso uma reflexão capaz de explicitar nossa postura diante desses debates. Penso que nós -- e neste nós, obviamente, também me incluo eu -- apenas temos elevado nossas vozes ao invés de tentarmos escutar uns aos outros. O que fica é uma algaravia confusa onde todos falam, ninguém escuta e todos saem cheios de razão e de si.

No mais, fico muito animado quando me deparo com um comentário honesto e analítico como o teu. Muito me honra ser lembrando dentro da pertinência do teu texto.

É isso.

Abraços, RicardoC.

De facto, martisns: Silenciar não é submeter-se, sim esforçar-se para ouvir. Enquanto todos falam, ninguém ouve, ou melhor, ouvem apenas a si mesmos...

Obrigado pela leitura atenta.

Abraços, RicardoC.