Minha casa não tem tecto nem chão
dormir, durmo num simples colchão
só porque as pedras me atrapalham
parecendo-se facas que anavalham
Lá estou bem achegado, noite e dia
ao calor solene do dia tudo extravia
ao resgate do frio umas folhas secas
é tudo que basta para as tormentas
Meu relógio são as imensas estrelas
basta-me puxar um pouco pra tê-las
o mesmo faço, quando quero comer
é que aqui há escolha, para entreter
E o melhor de tudo, é que as roupas
embora, em verdade, sejam poucas
lá vão dando p’ra os dias da semana
nem tem os otários gritando: sacana
nas filas incendiárias de automóveis
Então pergunto, para quê os móveis
se, dos demais tive maior esperteza
e decidi-me vir viver com a natureza?
Jorge Humberto
26/02/08