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Paraíso Perdido

 
E então, foi mais ou menos assim... Mas antes, é preciso que saiba que preciso traduzir em suas palavras verdades que pretendo dizer, que de outras formas não poderiam ser ditas de outras formas. Pois que isso aconteceu antes da invenção das palavras, antes da invenção do som e até mesmo antes da invenção dos sonhos.
Não importa para onde corra, sempre ouvirá o eco de algo que a sua humanidade perdera. Sempre sentirá falta e saudade de algo que nunca consegue definir. Em seus contos, religião, histórias, fábulas, poemas e músicas. Mas está lá, diante de ti, tanto uma quanto a outra... a perda e a saudade.
Vocês, cada um de vocês, existiam numa forma abrangente e espectral, além do que chamam hoje de tempo e de espaço. Tudo estava perfeito e completo! Porque é assim a eternidade e o berço do qual partiram. De uma forma intraduzível e incompreensível para vocês hoje, havia uma plenitude inenarrável!
Mas a essência divina pulsa em criatividade! Pulsa em ação e criação... e nada, absolutamente nada, é impossível para Ela.
E foi assim, num ato autônomo, mas de absoluta criatividade, que criaram o universo que hoje habitam. Criar universos e realidades não era novo para essas essências de Seres indescritíveis, mas cada universo criado difere substancialmente do outro. Onde estaria a criatividade se assim não o fosse?
E assim, as suas consciências criaram o seu universo, o universo no qual vivem, tão diverso e destoante de todos os outros infinitos anteriormente criados, nem melhor nem pior. Mas único... e seus.
Neste universo em particular o ego cresceu. Porque assim tinha que ser, porque a estrutura fundamental dele se baseia no ego. Ele pertence ao ego, pois é o ego que o cria, com as suas expectativas, desejos e sentidos. O ego é a proteção que a alma usa, pois só através dele Ela pode fazer parte desse "mundo". Ele é a casca, a alma a árvore.
Pense. Não faria sentido para um Ser altamente criativo criar um universo que seja semelhante, ou mesmo parcamente parecido ao seu original. Ela então, a sua alma, criou um que difere não apenas de forma profunda, mas de forma destoante.
Lá, no universo original... você tinha e era tudo! Não lhe faltava nada. O Absoluto abrangia o Todo, que voltava-se para a Eternidade explodindo em infinitos intraduzíveis... É difícil transmitir-lhe isso em suas palavras...
A essência consciente dentro de você criou o que o seu ego hoje conhece como universo. Aqui, você é divido em macho e fêmea. Aqui, você é finito. Aqui, a aura da criação parece distante de você, e você ouve, quando muito, breves sussurros dela. Parece-lhe tudo vazio, cinza, triste e perdido. Parece a você que todos estão separados, cada um corre para o lado oposto, homem e animal são diferentes...
E então, o seu ego um dia se pega na saudade eterna que nunca decifra. Algo lá dentro se sente desterrada. Abate-se uma introspecção que o move para dentro, a despeito de todas as outras coisas, porque como já fora dito, é lá dentro que se encontra a verdade. E então aflora-se as lendas, daquilo que se perdeu e nunca se achou... das cidades douradas vislumbradas no horizonte inalcançável... a Terra do Nunca, Agartha, Shamballa, Eden, Eldorado,Shangri-lá... E tantas outras que navegam na lembrança da alma, nas margens do ego humano.
O espírito nunca esquecera o seu lar, e isso ecoa no coração do ego, filho da alma. O Ser criou para si um universo inteiro, mas jamais se esqueceu daquele que lhe fora dado.
E assim caminha, o filho pródigo em busca de seu lar verdadeiro. Nunca esquecido. Foi permitido a alma humana criar um ego, pois isso faz parte da imensa e maravilhosa criatividade do universo. Mas ela não se esquece quem É de Onde veio.
Mas também como dito... o universo que você criou comunica-se com você. E quando buscas a união com o sexo oposto tão avidamente, é um resquício, um eco, de que você busca se completar para voltar as origens. Quando busca a perfeição naquilo que faz. Seja na arte ou na ciência. É um eco, uma lembrança distante, que a perfeição é o fim de todas as coisas.
O seu mundo, e o seu comportamento, aponta, a todo o momento, a busca que empreenderam para voltarem a Serem o que sempre foram. Uno, perfeito e eterno.


j

 
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London
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