Versos e Versos
La adiante, além cúmulos e montes,
Extraviado na linha turva da exceção,
Vêm-se, fixando o olhar no horizonte
Intuitivo e permeável da razão,
Com sentidos em debandada,
Os versos derreados, feridos,
Da razão própria baldarem perdidos.
Célere o esmeril da popular idade
Em limalha inservível os destina,
Cridos ébrios resolutos, à iniquidade
Da imane abjeção e chacina
No roto senso de gírias desgastadas,
E as palavras ao pó sem brilho atiradas
Rasuras fixas em páginas de ruínas.
Heroicas páginas inquiridas, reticencia
Entre o branco das poéticas emoções,
A inundação digital da ineloquência,
E as rasas e chulas interposições
Da verve das esquinas do moderno,
Que, sem culpa, sem honra ou galhardete
Nos anais montam guardas de enfeite.
La, porém, além-túmulos e fontes,
Ainda além da linha turva da exceção,
Em porfia, contumaz, no horizonte
Afortunado e permeável da razão,
Do brilho em versos a garantia ecoa
Em Florisbela e Vinicius, em Sophia,
Em Luís de Camões e Fernando Pessoa.