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Amor. Dirias Tu.

 
Tags:  amor    pele    matéria    gaveta  
 
No dia em que guardei a pele,
nas gavetas mofentas.
Apaguei-te.
O rasto deixado nas costas em poema rabiscado da tua insónia.
Apaguei-te.
A métrica beijada no nu visível.
Em poema escrito na pele - a matéria viva com que me transformas.
Apaguei-te.

Escorreitas palavras de seiva vida em mim.
Derramadas. Inefáveis.
Amor. Dizias tu na tua mudez nocturna.
Amor. Dizias tu ao escreveres-me.
Era pedra. Era a pedra que te escondia, no sono.
Amor. Dirias tu. Sempre, enquanto dormia.

Acautelei-te a caneta.
Hoje devolvo-ta, para que me reescrevas.

 
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Mortisa
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 15/03/2008 10:48  Atualizado: 15/03/2008 10:48
 Re: Amor. Dirias Tu.
AMOR DIRIAS TU


UM POEMA ONDE SE PODE DEDUZIR QUE FOI TRAIDA, MAS ESSE SEU AMOR AGORA DE NOVO NA POSSE DA CANETA CERTAMENTE IRA ESCREVER NA PELE NO PAPEL E ENTRANHAR NO CAÇÃO ESSA FRASE TÃO BELA DE OUVIR, AMOR.

UM ABRAÇO AMIGO


Enviado por Tópico
Margô_T
Publicado: 16/07/2016 10:04  Atualizado: 16/07/2016 10:04
Da casa!
Usuário desde: 27/06/2016
Localidade: Lisboa
Mensagens: 308
 Re: Amor. Dirias Tu.
Um poema misterioso onde qualquer interpretação me parece redutora já que o que mais me importa nestes versos é o modo como este poema me fala de um outro poema entranhado na pele de quem escreve o primeiro.
Um poema esconde-se em “gavetas mofentas”, mas que dizer do poema que se guarda na pele?... Apagar-se-á, de facto?
“insónia” é uma palavra que se prende a este poema gravado na pele, a este poema que vive na própria pele, escrita no “nu visível”, na “métrica beijada”.
Pergunto-me: será o amor esse poema que fica na pele? essa “matéria viva” que nos transforma? (pergunto sem querer saber respostas, para deixar este tom de segredo a sobrevoar-me a imaginação)
Pouco sei deste poema para além de que não o apagarei tão cedo da minha memória. Um poema de “seiva”, de “vida”, que se confunde com a própria pele de quem o escreve, que se derrama, expondo-se, ao mesmo tempo que se oculta, “inefável”.
A “mudez nocturna” tem muitas vozes. Nem todas se escrevem.
Mas esta que aqui escreves devolve-te a pele. Porque não há gaveta que acanhe tamanha voz.