Quando naquela noite retumbaram os passos,
apressados na névoa do mal romper do dia como cavalos num galope ensandecido,
não havia sentimentos, somente ausências.
Havia algo penetrante qual lâmina de aço, mais frio que o próprio gelo,
algo mais em meio às sombras que caíram na clareza contundente daquelas palavras impostadas
- não eram as tuas? - ora tal servas fiéis da tua Alma.
Tudo desmoronado antes do final do triste alvorecer,
restando pedaços de palavras mal escritas, num poema frio e sem rosto,
brotando da cadencia monótona das pontas dos dedos
e espargido com feixe de luz beliscado do albor da aurora incipiente
- sempre algo mais entre espinhos e rosas convidando a soluçar quem estava em silêncio.
Nada, porém sempre pode ser mantido em total segredo
e perdoo com veemência os havidos nos idos dias tempestuosos.
Se houver algo mais, dele não tenho a guarda, impotente sou para o soltar;
tua Alma insiste em atear a chama à vela
- bem sabes que o fogo que nasce depois dos pontos finais das ilusões
poderá incendiar as veredas pondo fim aos labirintos das trevas.
Tantos passos em espaços repletos dessa presença de ti,
não percebi que do lume era a luz bruxuleante,
nesta noite estéril ápice de anos solitários,
numa intemporalidade então carente do ponto final.