Vieste Lua cheia dos meus dias
por uma noite de chuva igual a esta
desceste na falua dos meus olhos
e meu corpo se vestiu de melancolia
eu frágil, frágil ilha descoberta,
inventada certamente por ti num
qualquer mapa de mistério
e em minha flora te fiz giesta,
de meus sonhos árvore intensa,
de meus versos fera e lidador,
meu perímetro teus braços
minhas colinas abraços, meus recifes a
doçura de teus beijos encantados
longe, longe e perto o teu olhar,
a tua voz meu deserto, voz de Merlin
desterrado, voz de quem vagueia
perdido e se encontrou a meu lado,
tu vento insubmisso vieste de madrugada,
e no degelo do meu sol de Inverno,
esta poção dos meus versos,
minha paixão intenso apelo, tu,
tu a raiz que não cresceu, como quando
o amor é mais forte que aquele
que o pensou. Como quando o poço
é abismo e a ravina falésia. Qual dos dois,
pergunto-me eu, nos inventou? E a
lava fez-se rocha e a rocha erosão
e o tempo ficou na minha ilha, erguendo
castelos nas dunas da ilusão...
Ilhas depois e muitos sóis passados
na invenção da Obra nos perdemos
Fiquei a saber que me inventaste como
composto de carbono e ácido, ou flor
rara do silêncio. Fiquei a saber que as
nossas naus se perderam na eternidade
de um abraço e a intensidade foi o meu
leme, para um infinitivo intenso.
Ainda hoje não sei quem me inventou
Se foste tu ou se fui eu. Porque há a
intensidade, esta latitude de meus versos
intenso amor, intensa a vela, intenso
o vento, intensa e bela a noite em
que me perco…
Luz&Sombra
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