Vivido mais de um quarto de século entenderás
Mais de metade dos que te dizem amar, não amam
Mais de metade dos que parecem odiar-te, não odeiam
E quando esse momento chegar, reflectirás
A quem confidenciaste segredos que não devias
A quem entregaste teu coração por ingenuidade
Por quem abdicaste boa parte dos teus dias
Com quem partilhaste tempos de mocidade
A quem mostraste rancor e por quem sentiste ódio
A quem apontaste o dedo em tom acusador
A quem, por pura inveja, retiraste do seu pódio
E o relegaste para o lado mais remoto do bastidor
Quem te fez crescer mais ou mais sincero foi?
Quem te disse que não gostava ou quem fingiu gostar?
Quem mais te desiludiu ou contigo ficou?
Quem te alegrou a vida e quantos te fizeram chorar?
Não julguemos quem nos parece bandido,
Quando não sabemos o que vai na sua consciência
É seu direito viver segundo o sentido
Que voluntariamente escolhe dar à sua existência.
Não aceitemos de imediato quem parece amigo
Também não sabemos que vai na sua consciência
São muitos os que só olham para o seu umbigo
E se aproveitam de nós e da nossa interna carência.
Cada um deve primeiro honestidade a si mesmo
E levar a vida sem passar o tempo a julgar
A humildade torna-se em verdadeiro altruísmo
Quando o outro aprendemos a aceitar.
(Dezembro 2014)