Lembrar-se é uma das palavras que perderam a sua essência para nós. Lembrar remete ao passado... A algo há muito esquecido e que agora retorna...
Quando você entende que o tempo não existe, você começa a perceber a inutilidade de certas sentenças verbais. Porque o próprio verbo é colocado no tempo. Mas, quando você realmente percebe e vive uma realidade sem tempo, então você passa a ter certeza da inutilidade delas. Para se lembrar, é necessário ter-se esquecido. E quando se está fora dos conceitos engessados do tempo, você não se esquece, mas Vive aquilo que chamamos de "momentum" ad eternum. Embora a própria palavra eternidade tenha perdido o seu brilho - pois só tem sentido a eternidade numa realidade com tempo.
Nossa existência é como uma orquestra tocada dentro de uma perfeita concha acústica, onde as ondas sonoras não perdem força, e os sons vão e voltam ao tocarem as paredes. Se gostamos de determinada nota, voltamos nossa atenção pra ela... As outras notas não se perdem, pois como reverberam, podemos observa-la de novo da próxima vez que quisermos.
A vida que vivemos aqui é uma dessas notas. A orquestra composta por um infindável número de músicos, mas a harmonia entre eles é total. O refrão, diz quem somos, é o que nos diferencia da "outra orquestra" que toca ao nosso lado. Eu amo todas as notas, todas as entonações, ritmos e harmonias... todas pertencem a Nós. Mas, às vezes sinto-me mais inclinado a uma do que a outra. E então, viro a minha atenção para ela.
Como uma metáfora, posso descrever várias coisas ao mesmo tempo. É um artifício interessante de sua linguagem, alarga as palavras. De uma certa forma, a minha existência são metáforas. Com essa figura de linguagem torno-me mais livre para me expressar, a linguagem humana é limitante. Há notas que quero tocar, mas na falta do instrumento certo elas não podem se propagar no ar. Seria difícil para um roqueiro expressar o seu modo particular de gosto, tendo acesso a apenas um tambor ou um violino. Poderia se esforçar e tentar, mas seria difícil conseguir.
Um dia, - para você - porque para Nós é sempre agora - em sua Terra querida, disseram-me que: "A mente se lembra. Mas, o coração jamais se esquece"... É uma das poucas sentenças que ainda fazem sentido para Nós. E que exprime a quase totalidade de sua intenção, sem o uso de metáforas.
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