Tantos os beijos escaldantes, quanto gestos beirando a rudeza;
braços em torno do ombro
-esse abraço repentino, sequer uma palavra pronunciada.
Ardem velas, efêmera paixão libertina, fogo extinto,
promíscuo,
devasso,
deixaste faíscas de desejos insanos.
Nós dois sós, nós no fluxo de ebulição,
relâmpagos, paixão, eflúvios perfumados,
do corpo branco brilharam, recenderam,
até te embebedares exausto de poder;
promíscuo,
devasso,
deixaste abismos de tremores silenciosos.
Acabou - tudo afogado - raiva em meu peito,
quadris balançando sem teu peso,
tentando confirmação se o demônio dormia,
quando o cérebro já não mais ouvia
a vergonha vituperada, triunfantes laivos da luxúria;
promíscuo,
devasso,
deixaste meu corpo desnudo rasgado.
No amanhecer de preitos rejeitados não gritam águias,
rastejam serpentes ondulando pelo pescoço antes voluptuoso.
Num abismo frio de escuridão régio,
risos do diabo num repente soaram.
Mais uma vez meus silêncios te revelaram
cegado pela visão da tua alma, embriagada da presença de ti;
promíscuo,
devasso,
deixaste a chama acesa no escuro.