Tentei decifrar nos sonhos o significado das cortinas,
talvez fossem pespontos e vincos de ásperos pensamentos,
nos beijos furtivos seguidos do olhar a guisa de piedoso,
transparecendo serem dádivas do que ama do modo que quer.
Senti-me triste ensejando finalizar qualquer inútil disputa,
conforme prosseguindo altiva em linha reta, retomando a fibra de mulher;
mas, num repente percebi perto e tão clara a intersecção,
um vértice, o entrecorte dos desesperos próprios com a insofismável revelação
- tal estigma calcado na espádua feito ferrete da flor de lis,
chancela lida solene e inquestionável qual opróbrio do último profeta-
castigo por não ter visto nos contornos das luzes qualquer um matiz.
Permaneci nas noites frias relutando procurar-te nas veredas procedendo qual asceta,
nesses tantos caminhos que percorreste na incessante busca da Alma,
foi tolice... foi obstinação cega, bem sei... obsessão torturante da presença de Ti.
Prometo-me ser paciente e atávica suportando com calma os senões,
doravante ver-te-ei como a um bom deus responsivo de fervorosas orações;
então, imploro... sejas o orvalho que oscula a relva suavemente,
e num alvorecer qualquer permita serem as preces ao final consentidas.
Um beijo só - se piedoso for - que revele quando mais não seja a querência,
nos reflexos das cores digam elas que sinto tanto... tanto sinto tua ausência.