Sou toda queimar em desejos plenos na tua ausência,
temerosa a vislumbrar em ti o menor olhar de tédio,
como se a cuidares apenas da alma fosse o necessário.
Vou em frente, me abaixo, sei que quase rastejo,
arranco de mim o pejo, afasto todo o pudor;
quando a tremer sou tua, a pele tanto arde,
vitupero o corpo em luxúrias impuras,
sempre serei a vadia sequiosa de ti,
na alcova rendida em noites plenas de loucuras.
Foi por tanto tempo que sonhei estares da alma liberto,
para abrasares meu corpo ou apenas me dares ultimo beijo,
permanecendo em silêncio eloquente quanto a tudo mais por perto,
sem mais lutas, nem disputas, dormir serena em teu peito almejo.