Cuidareis das coisas tristes
como se cada célula
do vosso corpo
agradecesse o vinho
amargo que lhe temperou
o alimento.
E então
o vosso olhar aberto ás probabilidades
verá arte
na disposição das coisas
minúsculas e situará
o coração no prato
onde comeu.
Nos símbolos residuais
vereis a atracção
do que é perecível e nem
a ilusão do instante
há-de confirmar a liquidez
do sangue
ou a eternidade da água.
E assim se justificará
o mistério do voo sobre
a invisibilidade das migalhas
e o vosso olhar será
mistura de azeite inesperado
e de vinagre desesperando
sumos de terra
íntima.
E assim
sabereis do universo como
se fosse princípio
bíblico, flor de todas
as sementes migratórias
e raíz das cores contidas
em sete bolinhas
de sabão.
Teresa Teixeira