O palpitar do meu coração transportava-me para esses rios sem cor. Tudo era morte. Tudo se tornava cinza a cada respirar meu. O mundo deixara de o ser. A terra deixara de ser fértil, e no meio desse fim, restei eu.
Eu?
Sim, penso que era eu, pois a minha face também se transformava em outras, tantas, que não me lembro e outras que não conhecia, mas a alma, sim, era a minha.
Era confuso. Era apenas mais um fim. Mas de quê?
Fechei os olhos e tentei lembrar-me do que fazia ali. Se sonhava ou se também morria.
Então os corvos chegaram, nas suas vestes negras pousaram no mar de cinza. Tentei falar, mas a minha língua apodrecera. Nada. Lentamente aproximaram-se de mim e devoraram-me. Não senti nada. Nem dor, nem prazer, nem magoa , nem tristeza. Apenas o vazio.
Vazio de um cadaver banal. Mais um,apenas mais um de tantos.