<br />E eu que envelheci e sequer me dei ao prazer de mansamente dar pipoca aos pombos.Apenas tentei até ontem, manter a juventude como areia em minhas mãos sovinas, e ela estranhamente saiu pelas frestas dos meus dedos, mas jamais saiu de minha alma, pois não consigo pensar somente no que fui, e se fui é porque sou, e se sou, tenho a juventude que me permite a alma.Hoje sob esta chuva tentando viver meus sonhos inacabados não acharei um pombo solitário em minha cidade, mas amanhã, caso mude o tempo, estarei dando pipocas aos pombos, mesmo sabendo que não devo, mato a vontade, e quem sabe encontre um deles peregrino correio, que leve a você que se deu ao trabalho de ler este texto o carinho do meu abraço e traga de volta a luz do seu sorriso.
Carlos Said