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(AB)USADA

 
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(AB)USADA

Dizes que dás às mulheres
Que não te admitem querer
Tudo o que não ousam ter
E d’elas o que quiseres
Fazes sem tal parecer.

Porém, mais lábias que lábios
Tens à mulher que provocas...
Tuas palavras tão ocas
Só pretendem menos sábios
Os corpos que estranho tocas.

Quando a mão que ama machuca
E a boca que beija mente
Tudo que por fim se sente
É o asco da língua à nuca,
Que faz o toque indecente.

Tu não me dás o que quero,
Sim o que queres qu’eu queira.
Tu não me queres inteira,
Se és tudo, menos sincero,
E eu sou tão-só verdadeira.

Queres só qu’eu não me negue
Nas voltas de teus rodeios
Enquanto amassas meus seios,
Não por estar já entregue,
Sim esvaziada de anseios...

Betim – 12 03 2017


Ubi caritas est vera
Deus ibi est.


 
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RicardoC
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Enviado por Tópico
Jmattos
Publicado: 27/03/2017 12:52  Atualizado: 27/03/2017 12:52
Usuário desde: 03/09/2012
Localidade:
Mensagens: 18165
 Re: (AB)USADA
Ricardo
Gostei imensamente!
Beijos!
Janna






Enviado por Tópico
atizviegas68
Publicado: 27/03/2017 14:04  Atualizado: 27/03/2017 14:04
Usuário desde: 09/08/2014
Localidade: Açores
Mensagens: 1538
 Re: (AB)USADA
O seu exercício poético traz uma temática assaz pertinente e de reflexão.
O título por si já revela e põem em prenúncio o assunto tão delicado e melindroso. Muito bom!
Todo o tecido das estrofes denunciam, de modo excelente, a "tragédia" que ocorre entre as pessoas que supostamente deveriam mimar-se e respeitar-se!
Destaco este verso "É o asco da língua à nuca," por ser graficamente demonstrativo de "(AB) usada".
Obrigada por versejar este tema.
Parabéns.

Um abraço