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Prefácio
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O N(ovo) é o livro de estreia de Thiago de Barros. Surpreende. A mim, me fez sonhar à noite. Que eu voava (como quem rema no ar) a uma velocidade espantosa. Li de uma sentada, embora o texto seja maduro e profundo num bom número de páginas. Não poderiam deixar de ter densidade, as coisas do Thiago. Mas há um fio de bom humor também, delicado, neurótico, e que surge quase toda vez que o autor mergulha nas suas vaidades. Eu disse o Autor? São quantos jogadores nessa mesa? Num universo com portas abertas para vários planos (neurológico, neurótico, etéreo, denso, urbano, místico), tem o livro - um livro psicografado no entremeio, na fumaça. E tem Hilda Hilst, corujas, urubus, Caio Fernando Abreu, bruxas, Clarice Lispector e outras substâncias. Thiago mistura tudo numa narrativa fácil. Não é que o N(ovo) traga, de fato, algo novo. A estrutura do livro e a metalinguagem (bastante presente) são conhecidas, isso não há de dar susto. Há também um ou outro clichezinho aqui ou acolá, coisa pouca e até necessária. Mas a questão principal: o livro tá bem feito. E isso não só porque a escrita tem maturidade, ou porque o autor faz importantes perguntas sobre o existir. Tem também muita beleza. Há frases incríveis, observações de poeta, rimas em plena prosa e o cuidado visível com a palavra som, a palavra coisa, a palavra substância (há anagramas por toda parte, e, que alegria, um ovo () no título!). Para quem vai começar a leitura, duas ou três observações: 1) insista nas primeiras páginas; somos arremessados ao ovo, ao começo de tudo, e isso pode dar certa tontura ou má vontade. Persista. 2) tenha um ovo na geladeira. Eu quis comer um cozido, com salzinho, como faz Zilá, mas não tinha. Achei ruim. A terceira, 3) leia com calma; há muita fruição nas frases, nos parágrafos, na viagem. É isso. Thiago, eu escutei o teu pássaro!
Ágata Benício
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